Os Editoriais e as Eleições Americanas
Estamos
à beira de mais um ato eleitoral nos Estados Unidos da América. A 6 de Novembro os cidadãos americanos, os recenseados,
entenda-se, elegerão o seu Presidente para os próximos quatro anos. Simultaneamente escolherão a composição do
próximo Congresso. Esta é,
indubitavelmente, mais uma eleição marcante na história da democracia anericana. Mais uma vez os votantes traçarão o destino
deste grande país. A escolha não é muito
complexa, ou votam para o seguimento que Barack Obama tem tentando dar ao país,
retirando-o do abismo económico, ou dão a oportunidade a Mitt Romney de voltar
às políticas arrogantes e economicamente desastrosas da administração de Bush
II. A opção marcará o futuro da nação e
afetará o mundo.
Com a campanha a chegar ao fim, uma campanha que dura há quase dois anos, a vasta maioria dos americanos já fez a sua escolha. Existem os sempre peculiares, independentes, que, segundo as sondagens, ainda não decidiram, ou melhor, ainda não sabem para que lado está o futuro. Porém, a vasta maioria já decidiu e em muitos estados, onde é permitido o voto por correspondência e o voto com antecedência, muitos já exerceram o seu direito, diria mesmo, a sua obrigação cívica. E com o fim da campanha começam a aparecer os tradicionais editorias de apoio dos vários jornais americanos. O que raramente deixa de ser surpresa. Vejamos alguns dos mais curiosos.
Com a campanha a chegar ao fim, uma campanha que dura há quase dois anos, a vasta maioria dos americanos já fez a sua escolha. Existem os sempre peculiares, independentes, que, segundo as sondagens, ainda não decidiram, ou melhor, ainda não sabem para que lado está o futuro. Porém, a vasta maioria já decidiu e em muitos estados, onde é permitido o voto por correspondência e o voto com antecedência, muitos já exerceram o seu direito, diria mesmo, a sua obrigação cívica. E com o fim da campanha começam a aparecer os tradicionais editorias de apoio dos vários jornais americanos. O que raramente deixa de ser surpresa. Vejamos alguns dos mais curiosos.
O jornal
Salt Lake Tribune, da cidade de Salt Lake
City, no estado de Utah, onde fica a sede da igreja Mórmom, à qual pertence
Mitt Romney, acaba de pedir o voto em
Barack Obama. Este periódico, fundado
por membros da igreja a que Romney pertence, e da qual foi bispo, é inequívoco,
o Presidente Obama deve ser reeleito porque soube trabalhar para retirar o país
do abismo económico em que nos encontrávamos há quatro anos. Para os editores deste jornal, depois dos
debates presidenciais, a política interna de Romney, "não possui qualquer
detalhe credível, daí sujeitar-se à desconfiança." Não deixa de ser
marcante que o maior jornal do estado de Utah, do centro da igreja de Romney,
desconfia das suas políticas e apoia o atual Presidente porque, nas palavras
dos editores: OB, tem mostrado habilidade como líder e Romney está um pouco por
todo o lado sem definir-se quem é, e quem representa.
O Tampa Bay Times, na Florida, local onde
o Partido republicano teve a sua convenção (congresso) também prefere o atual
inquilino da Casa Branca. Como refere
este jornal, localizado num estado que tem alguma tradição republicana: "o
Presidente Obama foi eleito há quatro anos em torno de uma grande esperança
para o país. A aura foi-se e veio a realidade.
Apesar da recuperação não ser a desejada, muito mais dificultosa do que
se imaginava, não há dúvidas que sem a liderança e as políticas de Barack Obama
o país estaria muito pior. Este não é o
momento de voltarmos às políticas falhadas do passado.
Sem
hesitação, o Tampa Bay Times apoia a
recandidatura do Presidente Obama. Mais,
o jornal explica, ponto por ponto, porque é que apoia o Presidente, delineando
as suas políticas, mencionado a inconsistência de Mitt Romney e a obstrução do
Congresso controlado pelos Republicanos, cuja prioridade nos últimos dois anos,
como se sabe, não foi legislar para bem do país mas sim ser travão constante a todas
as políticas da Casa Branca. Derrotar o
atual Presidente, mesmo que tal percurso custasse, como tem custado, bastante
caro à economia e à classe média americana, foi a tónica deste último Congresso.
Uma das
outras surpresas, particularmente para os conservadores, foi o apoio do jornal Denver Post, da cidade onde se realizou
o primeiro debate presidencial. O
matutino mais influente do estado de Colorado afirmou que em 2008, no meio de
duas guerras e de grandes incertezas económicas, havia apoiado um jovem Senador
de Illinois e quatro anos mais tarde voltava a apoiar o agora Presidente Obama
porque, "a guerra do Iraque acabou, a do Afeganistão está na sua fase
final e a economia tem melhorado a passos vistos." O jornal também refere, e em termos
agressivos, a intransigência do Partido Republicano no Congresso. Na realidade, se este Congresso tivesse
aprovado a legislação American Jobs Act
(legislação para promover empregos) hoje o desemprego estaria ainda mais
baixo. Porém, e ainda mais uma vez, os
Republicanos preferiram embargar as políticas do Presidente m detrimento do bem
nacional. Há que pintar Barack Obama
como incompetente. E há que
salvaguardar, a todo o custo, os baixos impostos dos mais endinheirados do
país.
São
vários os jornais que têm afirmado o seu apoio aos dois candidatos. Dos mais conhecidos, Barack Obama teve o
apoio do Los Angeles Times; do Washington Post; do Sacramento Bee (que não é
propriamente um jornal liberal); do Charlote Observer (na Carolina do Sul); do
Arizona Daily Star e do Philadelphia Inquirer, entre outros. O candidato republicano e ex-governador de
Massachusetts, Mitt Romney, teve o apoio do Detroit News; do Star-Telegram de
Texas; do Las Vegas Review de Nevada e do New York Post, entre outros. Na totalidade, e a uma semana das eleições,
18 grandes jornais americanos apoiaram Barack Obama e 15 Mitt Romeny.
É do
conhecimento geral que editorias de jornais não significam votos nas urnas,porém
a divisão de opiniões, é mais uma indicação de que este ato eleitoral será
disputado até ao último dia. E isso é
também mais uma elucidação de que muitos americanos não têm estado interligados
à política americana ao longo dos últimos quatro anos. É ainda indicativo que o dinheiro pode não
comprar votos, mas confunde, muito mesmo os cidadãos. É que, o ambiente deste ato eleitoral tem
estado minado pelos montantes exorbitantes que os plutocratas americanos têm
atirado para a campanha de Mitt Romney.
Na realidade, os plutocratas americanos notam as mudanças demográficas
que acontecem nos EUA, e com cada dia que passa, ficam mais receosos de que
terão de conviver com uma América mais justa, mais equitativa, mais
multicultural. E essa América, a
verdadeira América, assusta-os. Daí que
gastam fortunas a persuadir o cidadão comum a votar contra os seus próprios
interesses e inventam papões que o cidadão comum, infelizmente, ainda acredita. É que só num ambiente de confusão e
manipulação é que se pode entender a proximidade das sondagens.
Esta eleição
é, ainda mais uma vez, um espaço para os americanos refletirem sobre algo, que
embora simples, tem afetado este país, e a sua história política desde os seus
primeiros dias, ou seja: queremos um governo ao serviço de muitos ou um governo
ao serviço de poucos.
Pessoalmente
prefiro que sejamos mais abrangentes e que tenhamos um governo ao serviço dos
99%.