2012/09/23


Os falhanços de Romney


            Os últimos dias não têm sido os melhores para o candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos.  Depois da subida nas sondagens , que o Presidente Barack Obama conseguiu após a convenção do Partido Democrático, Mitt Romney tem visto a sua popularidade a decrescer.   É que apesar de estar há cinco anos a concorrer para Presidente dos EUA, Romney é, indubitavelmente, um candidato com grandes lacunas.

            Primeiro, tentou marcar alguns pontos políticos à custa da morte de 4 diplomatas americanos na Líbia.   Combatido pela esquerda, e também pela direita, pela incoerência e o oportunismo político num momento trágico e de união nacional, Romney, mostrou, ainda mais uma vez que está pronto a assaltar tudo e todos, para conseguir ganhar a eleição.  Se é certa que muitos cidadãos comuns não ligaram grande importância aos comentários do candidato, não é menos certo que a comunicação social, incluindo a porta-voz dos Republicanos, Fox News, não lhe perdoou a falta de sentido de estado num momento difícil para a nação americana.   

            Mas como não há uma sem duas, poucos dias mais tarde, sai na comunicação social, pelas mãos da revista Mother Jones, um vídeo em que Romney acusa 47% dos americanos de se armarem em vítimas e de serem beneficiadores do governo, de não pagarem qualquer imposto, e daí que nunca votarão nele.  Isto depois de no mesmo vídeo ter dito que os "palestinianos não querem a paz" daí que a única solução é a América passar a bola e que se o seu pai fosse verdadeiramente mexicano, e não filho de mórmons exilados no México, teria a eleição no papo. 

            Dir-se-á, sem o mínimo exagero, que este vídeo foi devastador, até talvez fatal para a sua campanha.  E é bom relembrarmo-nos que o Sr. Romney está errado sobre quem não paga impostos, quem recebe benesses governamentais, e quem poderá ou não votar nele, ou quem pelo menos, tradicionalmente, vota nele e no seu partido.  Se é que ele ainda é republicano, ou melhor: se é que os republicanos ainda o querem. 

            A verdade é que mais de metade daqueles que apelidou de preguiçosos e de estarem à espera de auxilio governamental, têm emprego e pagam impostos nos seus salários, alguns muito pouco porque estão condenados a trabalharem, dia após dia, pelo indigno salário mínimo.   Cerca de 20% dos que considera chulos são reformados que recebem as penões do social security, para as quais contribuíram ao longo da sua vida e muitos desses, votantes no Partido Republicano.              Apenas 8% das famílias que vivem no seu trabalho não pagam impostos, ou porque têm vários estudantes a viverem em casa ou alguém desabilitado, ou porque estão desempregados.    A maior fatia dos benefícios governamentais vai para a terceira idade, em pagamentos do social security (a reforma nacional) ou em Medicare (o seguro de saúde para a terceira idade). 

            Porém, se quiséssemos equacionar os benefícios na carga fiscal dados pelos valores das hipotecas e pelo pagamento de apólices de seguro de doença, os mais endinheirados do país recebem mais apoio do que a classe trabalhadora ou os pobres.  Mas disso o Sr. Romeny não quer falar.  É que tal como nos relembrou a revista The Economist (que não é propriamente uma revista da esquerda) apenas 13% dos lares americanos recebem ajuda com os selos de comida (food stamps) e apenas 5% recebem auxílio no pagamento da sua habitação. 

            Ninguém poderá saber ao cernto o peso que estas afirmações vão ter na campanha eleitoral para a presidência dos Estados Unidos, porém, não beneficiarão o Sr. Romney.  Mais, um pouco por todo o país, os candidatos republicanos a outros cargos nacionais, estaduais e regionais, particularmente aqueles envolvidos em campanhas mais renhidas, já se distanciaram de Romney.  A intelectualidade da direita também o tem afrontado.   Essa investida da direita, do seu próprio partido, aparece porque todas as sondagens começam a dar uma vantagem substancial a Barack Obama.

            Aliás, se Romney ganhar as eleições e conduzir o país como tem conduzido a sua campanha teríamos o abismo para esta sociedade.  Mas os americanos começam a perceber que um candidato cheio de fiascos só trará mais fragor ao país e ao mundo.        

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