Os falhanços de
Romney
Os últimos
dias não têm sido os melhores para o candidato do Partido Republicano à
Presidência dos Estados Unidos. Depois
da subida nas sondagens , que o Presidente Barack Obama conseguiu após a
convenção do Partido Democrático, Mitt Romney tem visto a sua popularidade a
decrescer. É que apesar de estar há
cinco anos a concorrer para Presidente dos EUA, Romney é, indubitavelmente, um candidato
com grandes lacunas.
Primeiro,
tentou marcar alguns pontos políticos à custa da morte de 4 diplomatas
americanos na Líbia. Combatido pela esquerda, e também pela direita,
pela incoerência e o oportunismo político num momento trágico e de união
nacional, Romney, mostrou, ainda mais uma vez que está pronto a assaltar tudo e
todos, para conseguir ganhar a eleição.
Se é certa que muitos cidadãos comuns não ligaram grande importância aos
comentários do candidato, não é menos certo que a comunicação social, incluindo
a porta-voz dos Republicanos, Fox News, não lhe perdoou a falta de sentido de estado
num momento difícil para a nação americana.
Mas como
não há uma sem duas, poucos dias mais tarde, sai na comunicação social, pelas
mãos da revista Mother Jones, um vídeo
em que Romney acusa 47% dos americanos de se armarem em vítimas e de serem
beneficiadores do governo, de não pagarem qualquer imposto, e daí que nunca
votarão nele. Isto depois de no mesmo vídeo
ter dito que os "palestinianos não querem a paz" daí que a única
solução é a América passar a bola e que se o seu pai fosse verdadeiramente
mexicano, e não filho de mórmons exilados no México, teria a eleição no
papo.
Dir-se-á,
sem o mínimo exagero, que este vídeo foi devastador, até talvez fatal para a
sua campanha. E é bom relembrarmo-nos
que o Sr. Romney está errado sobre quem não paga impostos, quem recebe benesses
governamentais, e quem poderá ou não votar nele, ou quem pelo menos,
tradicionalmente, vota nele e no seu partido.
Se é que ele ainda é republicano, ou melhor: se é que os republicanos
ainda o querem.
A
verdade é que mais de metade daqueles que apelidou de preguiçosos e de estarem
à espera de auxilio governamental, têm emprego e pagam impostos nos seus
salários, alguns muito pouco porque estão condenados a trabalharem, dia após
dia, pelo indigno salário mínimo. Cerca
de 20% dos que considera chulos são reformados que recebem as penões do social
security, para as quais contribuíram ao longo da sua vida e muitos desses, votantes
no Partido Republicano. Apenas 8% das famílias que vivem no
seu trabalho não pagam impostos, ou porque têm vários estudantes a viverem em casa
ou alguém desabilitado, ou porque estão desempregados. A maior fatia dos benefícios governamentais
vai para a terceira idade, em pagamentos do social security (a reforma
nacional) ou em Medicare (o seguro de saúde para a terceira idade).
Porém,
se quiséssemos equacionar os benefícios na carga fiscal dados pelos valores das
hipotecas e pelo pagamento de apólices de seguro de doença, os mais
endinheirados do país recebem mais apoio do que a classe trabalhadora ou os
pobres. Mas disso o Sr. Romeny não quer
falar. É que tal como nos relembrou a
revista The Economist (que não é
propriamente uma revista da esquerda) apenas 13% dos lares americanos recebem ajuda
com os selos de comida (food stamps) e apenas 5% recebem auxílio no pagamento
da sua habitação.
Ninguém
poderá saber ao cernto o peso que estas afirmações vão ter na campanha
eleitoral para a presidência dos Estados Unidos, porém, não beneficiarão o Sr.
Romney. Mais, um pouco por todo o país,
os candidatos republicanos a outros cargos nacionais, estaduais e regionais,
particularmente aqueles envolvidos em campanhas mais renhidas, já se
distanciaram de Romney. A
intelectualidade da direita também o tem afrontado. Essa
investida da direita, do seu próprio partido, aparece porque todas as sondagens
começam a dar uma vantagem substancial a Barack Obama.
Aliás,
se Romney ganhar as eleições e conduzir o país como tem conduzido a sua
campanha teríamos o abismo para esta sociedade.
Mas os americanos começam a perceber que um candidato cheio de fiascos
só trará mais fragor ao país e ao mundo.
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